A ideia de não poder montar ou de ter medo de montar
aterrorizava-me e só pensava em voltar a montar para
que pudesse tirar todas as minhas dúvidas. Foi então
que, após 6 meses de acidente, quando voltei a casa dos
meus pais, voltei a montar num poldro que eu mesma tinha desbastado.
Ajudada pelo meu pai, depois de estar sentada em cima do cavalo,
todos se surpreenderam ao verem o cavalo a fazer os exercícios
que eu fazia com ele todos os dias, embora assustada e com receio
de caír, pois eu não tinha qualquer movimento
funcional no corpo. Sentia-me feliz, pois apercebi-me que não
tinha ganho medo, embora não estivesse a gostar muito
de estar a cavalo, pois causava-me muito desequilíbrio
e mal estar, o que me deixou triste, pois pensei que tinha desaparecido
a minha paixão por montar, mas o cavalo de seu nome “Sadam”
estava a ajudar-me imenso e ele logo se apercebeu que tinha
de ser ele a fazer as coisas porque eu não conseguia.
No dia seguinte eu reparei que tinha ganho um movimento no
meu pé esquerdo que não era previsto acontecer,
pois os médicos tinham dito que seria impossível
vir a ganhar movimentos do meu lado esquerdo. Eu logo associei
este facto ao cavalo, embora ninguém mais pensasse igual.
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Mais tarde, fui internada num hospital de recuperação
em Toledo (Espanha), onde eu conheci a Hipoterapia. Isto era
equitação terapêutica, que comprovou exactamente
o que eu suspeitava e foi através do cavalo que eu recuperei
fisicamente e ganhei vontade de lutar pela vida. Voltando de
novo a Portugal, tentei continuar a montar a cavalo e ir explicando
às pessoas a verdadeira importância do cavalo e
como este pode ajudar de uma maneira saudável e mais
rápida várias pessoas com os mais diversos problemas.
Não foi muito fácil, pois o cavalo ainda hoje
é entendido e visto apenas como algo que dá prazer,
“fazem dele uma máquina”.
Com o objectivo de conhecer mais sobre a área da equitação
terapêutica e também para mostrar ao mundo o que
é o verdadeiro cavalo, integrei-me na equipa da selecção
nacional de equitação adaptada, chegando ao campeonato
europeu em 2002, onde me apercebi que já em vários
países este meu pensamento é partilhado e praticado,
dando-me mais vontade de fazer o mesmo no meu país, o
que se tornou impossível porque o jogo começou
a ficar muito caro e sem qualquer apoio do Estado português
e dos membros da equipa portuguesa, onde os interesses financeiros
eram mais altos, ficando a vontade de fazer algo para demonstrar
a importância do cavalo e valor deste, aquém do
que se esperava, o que me levou a retirar, embora com muita
pena.
Recentemente optei por formar uma associação
que se chama Associação Equestre "Entre
Amigos” onde, sem fins lucrativos, pretendo ensinar
que a equitação é necessária e tem
uma forte influência no crescimento das crianças,
impondo-lhes regras, aumentado a auto-estima, tornando-as mais
sensíveis, e desta forma e em simultâneo mostrar
o amigo que é o cavalo e o quanto nos pode ensinar, contribuindo
para uma melhor vida e com muito mais qualidade em pessoas com
qualquer tipo de dificuldade, quer física quer psicológica,
minorias étnicas com comportamentos desviados ou agressivos,
idosos, descendentes de emigrantes, pessoas sem abrigo, toxicodependentes,
pessoas com qualquer tipo de dificuldade de integração
social por motivos de frustração, complexos, depressões,
esgotamentos, etc.
Esta terapia serve como ocupação de tempos livres
de uma forma educacional e saudável, em especial para
crianças sem ou com deficiências físicas,
sendo para estas últimas um suporte de grande importância
às fisioterapias já existentes e conhecidas. Esta
modalidade desportiva em que existe uma forte relação
Homem/cavalo, poderá de várias maneiras ajudar
no crescimento da pessoa como ser humano e profissional, pois
aqui, a pessoa terá de cumprir obrigatoriamente regras
quer a nível ético, para que haja uma boa relação
entre o Monitor e o aluno em questão, quer a nível
de respeito para com o próprio cavalo, monitor, e o próprio
aluno em questão.
Eu, por todos os motivos atrás descritos, terei
um imenso prazer de poder contribuir para que outras pessoas
possam partilhar da “Magia” que o cavalo consegue
transmitir.